Crédito Habitação: Quanto Tenho de Dar de Entrada?

Uma das dúvidas mais comuns de quem deseja comprar casa é: “Quanto tenho de dar de entrada para um crédito habitação?” Muitas vezes ouvimos que basta dar 10% de entrada, mas será mesmo assim em todas as situações?

Neste artigo, explicamos quanto pode ter de dar de entrada para o crédito habitação e em que situações é possível conseguir financiamento a 100%.

Qual o valor da entrada no crédito habitação?

De acordo com as regras em vigor do Banco de Portugal, nos contratos de crédito habitação para aquisição de habitação própria e permanente, os bancos podem financiar até 90% do menor valor entre o preço de compra e o valor de avaliação do imóvel.

• Habitação própria e permanente: financiamento máximo de 90%
• Habitação secundária/arrendamento: financiamento máximo de 80%
• Exceção: em imóveis pertencentes ao próprio banco (imóveis recuperados por incumprimento), pode ser possível financiamento até 100% — sempre sujeito à decisão da entidade.

Importante: Estes valores são limites máximos legais, mas não significam que o banco é obrigado a financiar até esse valor. A aprovação e os montantes dependem do seu perfil, taxa de esforço, situação financeira e garantias.

Exemplo prático: calcular o valor da entrada

O banco financia até 90% do menor valor (compra ou avaliação). Nem sempre as duas quantias coincidem.

Exemplo:

• Preço da casa: 200.000€
• Avaliação bancária: 180.000€

O banco baseia-se no valor mais baixo: 90% de 180.000€ = 162.000€ A entrada necessária será: 200.000€ (preço) - 162.000€ (financiamento) = 38.000€ ou seja, neste exemplo teria de dar quase 20% de entrada.

Para que a entrada corresponda a apenas 10%, o valor de avaliação tem de ser igual ou superior ao preço de compra.

Posso recorrer a crédito pessoal para completar a entrada?

Embora possam sugerir esta solução, é desaconselhada:

• O recurso a crédito pessoal para completar a entrada pode levar à recusa ou cancelamento do crédito habitação, caso detetado pelo banco.
• O crédito pessoal tem taxas de juro significativamente mais elevadas.
• Pode aumentar o risco de sobre-endividamento ao ultrapassar a taxa de esforço recomendada (normalmente 35%).

Recomendação: Se não dispõe do valor necessário para a entrada, o mais sensato é planear, poupar mais algum tempo e rever o seu orçamento antes de avançar.

Financiamento a 100%: imóveis de banco

Alguns bancos poderão oferecer financiamento até 100% do valor de determinados imóveis pertencentes à própria instituição (imóveis de retoma bancária). É fundamental, nestes casos:

• Confirmar se está a adquirir a totalidade do imóvel, livre de ónus, penhoras ou ocupantes.
• Esclarecer todas as condições associadas, custos e riscos adicionais.

Não se foque apenas no valor da entrada

Ao comprar casa, os encargos não se limitam à entrada:

• Sinal: geralmente 10% no Contrato de Promessa Compra e Venda (CPCV).
• Comissões: estudo, avaliação, formalização do crédito.
• Custos extra: escritura, impostos (IMT, imposto de selo), registos, impostos e honorários notariais.

Dica: Idealmente deve reunir 15% a 20% do valor do imóvel para cobrir não só a entrada, mas também todas as despesas conexas.

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